Produção científica

Uma seleção dos meus escritos científicos mais relevantes.

CINTRA, F. G. A adoção de um ambiente de desenvolvimento em nuvem para aulas de programação de computadores: um relato de experiência. In: VI Encontro Internacional de Políticas Públicas em Educação, 2023, Franca/SP. Educação, ciências e tecnologias: estudos das ODSs da Agenda 2030. Franca/SP: Unesp/Uni-FACEF, 2024, v.1, p. 7-19.

O presente relato de experiência aborda o desafio enfrentado pelos professores ao oferecer aulas de programação durante o ensino remoto síncrono, causado pela pandemia de COVID-19. Antes dela, as aulas práticas eram realizadas em laboratórios de computadores equipados com softwares específicos para programação. No entanto, com a transição para o ensino remoto, os alunos precisaram usar seus próprios dispositivos, o que resultou em uma variedade de configurações e dificuldades técnicas. O relator descreve seu fluxo de trabalho, baseado no uso do Git e GitHub para controle de versionamento de código. Essa abordagem permite que os alunos trabalhem em projetos de programação de forma colaborativa e facilita a troca de dispositivos entre aulas. Para lidar com a diversidade de configurações dos dispositivos dos alunos, o relator buscou uma solução para padronizar o ambiente de desenvolvimento. Descobriu-se o GitPod, um Ambiente de Desenvolvimento em Nuvem que fornece um ambiente de programação pré-configurado e acessível sob demanda. O GitPod é gratuito por até 50 horas mensais, o que é suficiente para atender às necessidades das disciplinas ministradas pelo relator. O relato destaca os benefícios do GitPod, como a facilidade de acesso por meio de autenticação com contas do GitHub, GitLab e Bitbucket. Além disso, o GitPod oferece ambientes consistentes, reprodutíveis e controláveis, permitindo que os alunos iniciem a codificação de software imediatamente, sem a necessidade de configurar seus próprios ambientes. No geral, a utilização do GitPod permitiu ao relator oferecer aulas de programação em um ambiente padronizado, independentemente das configurações dos dispositivos dos alunos. Isso ajudou a minimizar os desafios técnicos e a garantir uma experiência de aprendizado mais consistente durante o ensino remoto síncrono e, posteriormente, no ensino híbrido.

Palavras-chave: Relato de experiência. Aulas remotas síncronas. GitPod. Programação de computadores. Pandemia de COVID-19.

CINTRA, F. G.; CAVALCANTI-BANDOS, M. F. A utilização da metolodogia Critical Systems Heuristics (CSH) para a avaliação de políticas públicas de inclusão digital In: 10º Congresso Brasileiro de Sistemas, 2014, Ribeirão Preto.  Anais…, 2014

Políticas públicas mobilizam uma multiplicidade de pessoas, organizações e recursos, exigindo uma coordenação harmônica desses elementos para atingir seus propósitos. Este artigo tem por objetivo avaliar, por meio da metodologia sistêmica Critical System Heuristics – CSH (Ulrich, 2005), políticas públicas de inclusão digital que contemplam a instalação de telecentros no município de Franca/SP. A utilização da CSH permitiu identificar uma série de problemas no planejamento e na implementação das políticas públicas analisadas, resultado no qual grande parte do mérito é creditável ao emprego de uma metodologia sistêmica.

Palavras-chave: Critical System Heuristics. Políticas públicas. Metodologias sistêmicas.

CINTRA, F. G. Políticas públicas para a universalização do acesso à Internet: telecentros, software livre e desenvolvimento social no município de Franca/SP analisados por uma abordagem sistêmica. Dissertação (Mestrado Interdisciplinar em Desenvolvimento Regional) – Centro Universitário de Franca (Uni-FACEF), Franca, 206 p., 2014.

A presente pesquisa, afiliada à linha “Desenvolvimento social e políticas públicas” do programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional – Mestrado Acadêmico Interdisciplinar do Centro Universitário de Franca (Uni-FACEF), tem por objetivo investigar as políticas públicas fomentadas por agentes governamentais atuantes no município de Franca/SP, que visem à universalização do acesso à Internet com o uso de software livre em telecentros (locais que oferecem acesso à Internet ao público, de forma gratuita) e as respectivas contribuições para o desenvolvimento. No contexto da sociedade da informação (WEBSTER, 2006; KARVALICS, 2008) e mediante uma perspectiva histórica (RIST, 2008), considera que o desenvolvimento é um processo multidimensional (SEN, 1999; OLIVEIRA, 2011). Pressupõe que o acesso à Internet é um direito social (BUCCI, 2006; PRADO, 2007), cuja consecução se reflete no empoderamento (SQUIRES, 2001; ROMANO, J., 2002) dos usuários da rede. O município de Franca/SP tem seguido a dinâmica da sociedade da informação, com o crescimento do setor econômico de serviços, mas sem o correspondente incremento da renda dos munícipes (FUNDAÇÃO SEADE, 2010), o que compromete a arrecadação tributária. Em tais situações, em que há limitação de
recursos financeiros para a execução de políticas públicas (ANDERSON, 2006; SECCHI, 2010), os telecentros (GOMEZ, 2012) baseados em software livre (FREE SOFTWARE FOUNDATION, 2012) assumem especial importância. No plano metodológico, após uma etapa exploratória de preparação (MARCONI; LAKATOS, 2003), seguida da coleta dos dados por meio de entrevistas e questionários junto aos gestores e usuários, empregou-se a metodologia sistêmica Critical System Heuristics (Heurística Crítica de Sistemas) – CSH (ULRICH; REYNOLDS, 2010) para
a análise final, permitindo a construção dos cenários ideal e real relativos aos telecentros e a posterior comparação entre eles. Como resultado, apurou-se que os 6 (seis) telecentros francanos em funcionamento e enquadrados como objetos de pesquisa foram concebidos como locais de promoção da inclusão digital e como apoio ao desenvolvimento local. Verificou-se, contudo, que os usuários demonstram razoável familiaridade com as tecnologias digitais e têm acesso à Internet por outros meios, esvaziando, em certa medida, as principais finalidades estabelecidas. Deixando de ser a única alternativa de acesso, os telecentros presenciam seu uso
educacional preterido em favor do entretenimento. A utilização do software livre se dá não tanto por motivos de custo, mas principalmente por opção ideológica. A comunidade, beneficiária dos telecentros, não é chamada a participar da respectiva governança, que é toda feita por agentes governamentais. Tal unilateralidade, aliada à falta de comunicação entre gestores de diferentes esferas, leva a situações de ineficiência das políticas públicas, como a instalação de dois telecentros no mesmo edifício ou a utilização de um local com severos obstáculos de acesso físico. Apesar dos vícios apontados, os telecentros são considerados bem-sucedidos, conceito esse tributável a avaliações majoritariamente positivas de usuários com baixas expectativas. Os gestores, por seu turno, se satisfazem com a quantificação dos usuários atendidos. Constata-se, após o emprego CSH, que os cenários construídos apresentam mais pontos de divergência que de convergência, credenciando concluir que os telecentros de Franca/SP geram contribuições muito pequenas ao
desenvolvimento social, local e regional.

Palavras-chave: Universalização do acesso à Internet. Políticas públicas. Telecentros. Software livre. Desenvolvimento social. Abordagem sistêmica.

CINTRA, F. G.; BRAGA FILHO, H. O desenvolvimento, do biológico ao neocolonialismo: a trajetória de uma ideia no pensamento ocidental. In: Economia e Desenvolvimento, ed.1. Franca: Uni-FACEF, 2013, v.1, p. 38-59.

Este artigo busca preencher a lacuna histórica correspondente ao período temporal anterior ao keynesianismo e às grandes teorias do desenvolvimento do século XX, as quais tiveram grande impulso com a constituição da Organização das Nações Unidas, em 1945. Com um foco marcadamente histórico e adotando a linha mestra de Rist (2008), rastreou-se a origem última da ideia de desenvolvimento, encontrando-a na Antiguidade Clássica grega, berço da civilização ocidental, não sem antes considerar outras hipóteses. Concentrando-se no pensamento de Aristóteles, cuja influência chega aos dias de hoje, explica como o desenvolvimento, um conceito originalmente aplicado a fenômenos biológicos, acabou sendo empregado para explicar, também, fenômenos sociais. Passa, em seguida, a Agostinho de Hipona, que, tomando a fonte aristotélica, nela injetou elementos da teologia cristã, elaborando uma concepção de progresso e desenvolvimento que, com o suporte da Igreja Católica, não seria ameaçada pelos próximos doze séculos. Chegando ao Iluminismo, demonstra como a racionalidade do período sedimentou os fundamentos da ideia moderna de desenvolvimento, associando-o ao progresso infinito fomentado pelas incessantes descobertas científicas, tudo o que se desenrolava de forma “natural”. Natural, em verdade, foi a aparição do raciocínio social-evolucionista, nessa mesma linha, apregoando a superioridade do Ocidente e seu dever de “conduzir” os demais povos nos mesmos passos por ele já trilhados na estrada do desenvolvimento. Esse é o prelúdio para o novo movimento colonialista, abordado na parte final, em que todas as teorias até então elaboradas foram postas em prática em nome do capitalismo de mercado, levando a consequências perversas muitas vezes previstas, mas não explicitadas de antemão. Considera, ao final e diante de todo o exposto, que o desenvolvimento, para que se torne possível, deve prescindir de toda pretensão de globalidade e uniformidade, eis que pessoas, locais e épocas são distintos. Assim, deve-se pensar em desenvolver em escala local, sem perder de vista, numa perspectiva sistêmica, o pertencimento ao global.

Palavras-chave: Desenvolvimento. História do desenvolvimento.

CINTRA, F. G.; VENTURA, C. A. A. O desenvolvimento no contexto da sociedade da informação e o acesso à internet como direito humano na ordem internacional. INTERthesis (Florianópolis). v.10, p.263 – 281, 2013.

O presente artigo propõe uma reflexão teórica acerca da questão do desenvolvimento na sociedade da informação, comparando suas categorias e objetos centrais. A partir daí, verifica, no âmbito das organizações internacionais, o que se entende por desenvolvimento e as respectivas implicações na sociedade da informação. Avalia as transformações processadas no direito humano à informação na dinâmica da evolução tecnológica, que conduziram à emergência do direito de acesso à Internete de seu potencial reconhecimento como direito humano. Examina, a seguir, os argumentos a favor e contra tal reconhecimento e as suas respectivas implicações. Considera, por fim, que o estágio atual é inconclusivo, embora caminhe a passos firmes no sentido de acolher o direito de acesso à Internetcomo direito humano; contudo, pondera que se devesse pensar em garantir acesso à informação de forma ampla, por quaisquer meios.

Palavras-chave: Sociedade da informação. Desenvolvimento. Acesso à informação. Direito de acesso à Internet. Direitos humanos. Organizações internacionais.

CINTRA, F. G.; CAVALCANTI-BANDOS, M. F. Por dentro da mente de Richard Stallman: uma análise do movimento do software livre utilizando Critical System Heuristics (CSH) In: 8º Congresso Brasileiro de Sistemas, 2012, Poços de Caldas/MG.  Gestão & Conhecimento. Poços de Caldas: PUC Minas, 2012, p. 38 – 55.

O presente artigo tem por objetivo analisar o software livre e o movimento dele originado à luz da metodologia sistêmica CSH (Critical Sytems Heuristics), como proposta em Ulrich (1983), visando ampliar a compreensão do tema e de seus desdobramentos em diversos aspectos da vida em sociedade. Para tanto, empenhou-se uma pesquisa exploratória (GIL, 1999) em que se levantaram dados secundários, nomeadamente a obra de Salman (2010), idealizador do movimento em questão, a qual se emprega como corpus da análise. Para fins de contextualização, efetuou-se uma releitura da história do movimento do software livre, pontuando os fatos e atos que engendraram seu surgimento, formalizado com a edição de uma licença (documento legal), que assegura a liberdade dos usuários sobre o software. Avalia, em seguida, o novo modelo de negócios por ele fundado sobre os princípios da inovação, da liberdade/faculdade de cobrança pelas cópias e de uma reinterpretação dos postulados do direito autoral, no contexto de uma sociedade que tem a informação como objeto nuclear. Examina, ainda, o modo de produção colaborativo, adotado pelo movimento, e sua adequação ante as características peculiares dos produtos de natureza informacional. Ao fim da primeira parte, aprecia as propriedades da (contra)cultura oriunda do movimento do software livre, bem como seu componente motivacional, que transparece na contínua colaboração observada entre os membros da comunidade. Na segunda parte, apresentam-se os conceitos basilares da abordagem sistêmica, colhendo-se a oportunidade para explanar por que o movimento do software livre há de ser considerado um sistema aberto, o que leva à opção pelo procedimento também sistêmico para compreendê-lo. Passa-se à análise sistêmica do movimento do software livre, empregando excertos de Salman (2010) para responder às questões propostas pelo CSH, obtendo, como resultado, um panorama abrangente do sistema estudado, não olvidados os elementos que o constituem e a relação de forças entre eles. Considera, por fim, que o movimento do software livre ainda não atingiu o estado ideal imaginado por Salman, embora tenha contribuído decisivamente para a mudança das relações de usuários e empresas de software que respeitam a este.

Palavras-chave: Software livre. Movimento do software livre. Abordagem sistêmica. Critical Systems Heuristics. Richard Stallman.

Créditos da imagem de destaque: Freepik

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